Ter um atrativo visual quando falamos de um
filme, série, desenho e até animê, é realmente reconfortante, caso goste
de ser surpreendido por uma gestão visual e produção de arte indescritível, você
o terá, mas... E quando tudo isso é entregue, contudo apenas isso não se
sustenta?. Violet Evergarden é o animê que mais foi comentado no ano de
2018, fruto de uma inspiradora produção do mágico estúdio
Kyoto Animation, ganhando mais notoriedade ainda com a produção tendo o apoio da Netflix, e
voltando a tona com o lançamento de 2 filmes em um período conturbado para o
estúdio, que infelizmente foi vítima de um atentado.
Entender que nesse artigo, vou analisar a obra a partir de blocos de episódios é
o primeiro passo para uma leitura mais coesa, também entender que terá spoilers
é o outro lado da moeda dessa breve jornada.
Eu peguei para revisitar a série de animê de Violet Evergarden (13 Episódios) e aproveitando o lançamento do seu filme final, ou assim é considerado,
decidi analisar cada episódio com uma ótica mais "madura" , com um enfoque novo.
Antes de irmos ao texto, quero dizer aqui, e mesmo responder sobre a questão
levantada na imagem desse artigo, não, beleza visual não é tudo, mas não a
descarto no meio de qualquer mídia, penso que entregar
fora ao texto (Pois esses deveriam agir juntos) é realmente
surpreendente, claro, quando o produto de arte o consegue, e Violet... Bem, não.
Ao longo do episódio 6 toda a particularidade de se auto sustentar em parcelas dramáticas de Violet é meio que deixada de lado, enquanto uma sonora e visual falta de ritmo nos é tomada, a temática aqui é o prosseguir de um sonho perante uma imensurável perda, mas quem nos é dado ao valor desses personagens? tudo é de fato camadas pré-definidas de uma temática que é particular demais e também alheio a nós espectadores por falta de ambição de todo o episódio em não só nos mostrar, mas também nos contextualizar numa "riqueza" que não vem desse tema.
Introdução e Má gestão de Progresso Narrativo (Episódios 1 ao 3)
O primeiro bloco de episódios é aquele que trato ser um catalisador mal feito para os eventos do próximo, ele trata do dado momento em que a Violet acorda, até a parte que ela é aceita, e se forma como uma boneca de auto memórias. No episódio 01 temos a introdução dela como uma personagem totalmente mecânica (Sem qualquer referência aos braços) ela acorda, procura o que vinha a ser o ponto que carregaria o subtexto da série inteira, a busca pelas palavras do Major. Quero comentar que entendo a lógica de colocar o peso da personagem inerente a Guerra, contudo acho irreal esse tipo de base narrativa funcionar, é vago, foçado e não apenas isso, tendencioso, sentir empatia por ela ser uma ex soldada e ter traumas subsequentes por isso, eu até acho válido, mas usar esse artificio como manipulador emocional e ainda escorar-se nele para a principal lógica da subtrama, é errôneo e dissipou demais todo o choque inicial por algo mais "Humano" que a série quer adotar, não há suspensão de descrença que ajude, e detalhe, precisamos dela, a série inteira. No episódio 02 temos um modelo de episódio bastante usado pelo menos até a metade da série, bater na tecla que a Violet não tem quaisquer chances de transmitir sentimentos, ora, eles não viram isso? apenas o espectador tem tais informações? ainda assim como um claro uso elipses de tendências, indo do primeiro, o conflito com uma colega de trabalho, que por um milagre divino, em menos de 12 minutos de episódio tem uma virada chave no contragosto com a Violet, e prosseguindo com ela sendo apresentada a uma escola de bonecas de auto memórias, daria para fazer isso antes com toda a certeza. E ao fim desses dois episódios, temos os episódios finais na escola, que fecha com uma das piores decisões da série.
Levando em consideração as habilidades mágicas da Violet nesses episódios de curso, ela seria aprovada, porém ela ainda não consegue escrever uma carta que demonstre o real valor de um sentimento, aqui temos o episódio que demonstra bem como eu desgosto das escolhas rente a proposta de Violet Evergarden, seria mais humano, e muito mais agregador para a trama se aos poucos ela fosse notando a importância de uma conexão verbal, contudo a saída usada, é simplesmente a Violet escrevendo uma carta de poucas linhas, delimitando as palavras da Luculia (Essa queria se desculpar com o irmão e o dizer a importância do mesmo). A Luculia descreve uma montanha de palavras, que mais tarde foi sintetizada pela Violet que logo toma a linha de ação e entrega a carta ao irmão, isso passa a fazer menos sentido e força uma entrada de história dentro do irreal evento que precede, com a escola de bonecas que foi descrita como rígida e difícil (Por uma personagem que participou desse curso) voltando atrás na decisão de bom grado. Seria muito mais orgânico se a Violet deixasse de lado pelo menos por enquanto a decisão de escrever cartas sentimentais, e fosse trabalhar escrevendo, ou até mesmo transcrevendo os sentimentos reais das pessoas, melhor dizendo, seria muito mais de valor para história principal, se essa fosse a proposta primária.
Luculia.
Tentativa de Carisma e Contos Oblíquos (Episódios 4 e 5)
O episodio 4 é o primeiro choque da Violet com o contato exterior trabalhando como uma boneca, ele é assim forçado quando uma de suas colegas de trabalho por ironia de todo o destino possível, cai da escada, sem titubear a Violet é a escolhida á acompanhar essa colega em seu serviço, pois a mesma estava incapacitada de escrever por decorrência do braço quebrado no acidente, o foco aqui é em como a Violet é escolhida de supetão para a situação, não há qualquer pré escolha, a Violet é escolhida a acompanhar a colega de trabalho que mais demonstrou repulsa com a mesma, nem como um artificio de desenvolvimento isso é aceitável na minha ótica, é claramente uma escolha de roteiro pretenciosa para um fim maior, e bem, chegando lá o conflito é impulsionado por uma festa de aniversário para a colega da Violet, a Iris. Melodramático, esse é o ponto, ok, é uma situação realmente bem desconfortante, a Iris não queria que a Violet mandasse um convite para um certo rapaz, contudo estamos falando de alguém que não entende nem a si própria, quem dirá um sentimento novo como vergonha por ter sido rejeitada, então o clima na festa é aguado quando o rapaz aparece fazendo com que a Iris tivesse um surto, o que entendo como uma omissão da personagem , é revoltante ter que presenciar esse cenário, encerrando-se na cena onde a Violet leva comida para Iris, com a garota pedindo a mesma pessoa que tratava com repulsa, para escrever cartas de desculpas para todos da festa, os pais e principalmente o rapaz, e assim feito. O resultado é uma intrigante amizade desenvolvida em um estalo de dedos, eu me senti desconfortável com essa formula disforme de criar um laço, não tem substância, e até agora, nenhum laço criado entorno da protagonista se faz ímpar, todos são apenas elementos e bonecos para história, um falso carisma.
Iris
Aqui estamos no ascender de um dos piores episódios da série, o corte de progresso que esse episodio dá é surreal, já somos surpreendidos com a Violet sendo requisitada para um serviço, mas não qualquer serviço, as cartas dela eram meio que uma trocação de juras de amor entre uma princesa e um príncipe de dois reinos diferentes que selaram um acordo de paz através de um casamento que virá a ocorrer entre os mesmos, os descendentes dos dois reinos, exatamente, esse nível de importância, ao menos demonstrada na trama, é jogada nas mãos de uma personagem que mal sabe demonstrar algo, o culminar de uma guerra é arriscado para isso, é difícil levar isso em consideração mesmo quando a fantasia romântica do episódio toma conta, tendo uma discussão sobre idade no mínimo difícil de descrever como algo bom. O desenrolar desse episódio e o suprassumo da falta de ambição da série, as cartas que seriam o enfoque principal para mostrar a evolução pessoal da protagonista, são citadas aos ventos, e como fim, a decisão de historia de fundo para personagem que a Violet acompanha, a princesa, é a decisão mais básica escolhida, tendendo cair no mais fantasioso conto possível, uma fantasia ilógica e perpendicularmente ruim, e ao final do episódio com nenhuma evolução notória, somos presenteados com um sorriso de canto mal caracterizado por parte da personagem. Péssimo e oblíquo, o conto de dois países em guerra que contatam funcionárias inexperientes de agencias irresponsáveis, para selar um casamento que decretaria uma paz transitória termina aqui.
A princesa.
Falta de Ambição, Vazio Manifesto e a Redenção Dissimulada ( Episódios 6 ao 9)
Episódio 7: Chegamos aquele que se não expressivamente dado no texto, entrega um espetáculo visual e mostra a que veio o episodio,.. ou é o que eu queria dizer, o episodio é de fato risivelmente sustentado numa faceta visual falha de dramaticidade por parte der uma estória mal introduzida e carregado por dramas que são colocados a prova como argumento de inclusão de Violet na situação que viemos a ter contato. Por quê a Violet é colocada a cada situação distinta apenas para nos confrontarmos com uma pseudo mudança da mesma? não sabemos, cada parte da mesma tem que ser preenchida por histórias que condizem com o que falta, tanto fisicamente, quanto psicologicamente, a Violet é muito, mas muito ingenuamente má formada.
A história da vez é sobre a ausência de um ente querido, uma pai escritor que se sente preso a perda da filha, e por isso, bem, a Violet vira bode expiatório como argumento de crescimento por parte dos dois personagens, mas não é verossímil, é tudo muito artificial, tudo parte de uma escala formulada. Encontramos uma redenção na parte da direção com a cena quase que sufocante visualmente, contudo é apenas isso.
(O que sobra? Objetos e Nada Mais)
Episódio 9, digo com toda e clara certeza de que se há um fechamento para a personagem da Violet, seria nítido se o parassem por aqui. E apesar de eu achar difícil de se engolir tudo que esse episodio apresenta, conduz e conclui, ainda penso que já tinha dado o bastante de toda a nossa parcela de drama por aqui, e então... O episódio tem algumas problemáticas, desde alusões mal feitas a problemas psicológicos sérios a virada de chave para um cenário de uma guerra que se estendeu no passado (a mesma guerra que a Violet conheceu o Major) embora o pior ainda estaria por vir. Seria quase uma redenção por parte da séria se algumas vertentes não saíssem de seu local de história (como nas cenas de tentativa de suicídio da Violet).
Quase um Show á Parte, Uma História Sincera (Episódio 10)
Eu sou pendente a não validar episódios como blocos isolados, embora em alguns casos sejam necessários, temos aqui um exemplo. Depois de todo esse pseudo fechamento da personagem da Violet, voltemos a rotina comum, de onde ao meu ver o animê não deveria ter sequer saído, contos episódicos e que deveriam agregar mais para do desenvolvimento semiótico da personagem. E mesmo aqui, no melhor episódio da série, não ocorre, estamos a serviço de personagens terceiros e não do caráter principal da trama, a Violet. Há uma generalização de que esse episódio é apenas triste, e apenas isso, mas penso que deveriam olhar nos temas que o episódio percorre, da morte de um ente querido até a ideia de que nada é realmente superado, e isso de fato ocorre.
No episódio, há uma mãe que decide escrever cartas para a filha as ler depois de sua morte, e quem é chamada para o serviço é a Violet. Em nenhum momento eu acho singelo a tentativa da obra em fazer um paralelo com a Violet e a perca para ambas as personagens, já que não apenas uma criança, temos uma de personalidade forte aqui, discrepante-mente distintas. O episódio de fato é um malabarismo para choro, e concordo com isso sem relutância, contudo, é o episódio da série que mais olha para dentro de seus próprios e interesses e diz "ok, é por aqui que paramos", não há nada além de uma criança e a passagem das cartas que a mãe deixou, e não é também sobre resgatar memórias dolorosas, já que em nenhum momento elas o deixaram de ser "reais", é sobre realmente não superar certas coisa como deveria ser, sem se entregar a falsas mascaras. Ninguém é um titã emocional . E mesmo que no final do episódio o choro da Violet não me pareça real, pouco me importo, já que o choro que não é entregado a inverdades é o da garota que ainda se lembra da sua mãe, com tristeza e afeto.
(A paleta de cores sempre exalando o laranja melancólico)
É um senso comum esse ser dado como apenas o "episódio triste" da série, e eu sinto que tamanha epíteto, e que mais tira do pouco de substância que a série tem, do que ajuda a entender isso como uma qualidade geral da história.
E Como em Um Filme de Ação da década de 80... (Episódios 11 ao 13)
Particularmente esse tópico é o que menos me interessa dada as proporções em que a historia já se vê, não vejo ambição, não vejo motivação e sequer um esquema de se contar os aparentes dramas, a chave é virada de maneira absurda. sequências de ações onde sequer deveriam estar e aquele clima de conforto que mesmo soube, e não se deu ao valor de entregar: aqui é perdido. Violet não é mais Violet e o que sobra são infinitas razões para se desprezar o que se assiste, pois além de fugir de tudo que hora a obra não entregou, todavia tentava... O fim dessa passagem consegue enraizar um filme que acho desnecessário para o subtema geral, na verdade, o tema em si, que seria: seguir em frente, bem. A série não seguiu. Obrigado por lerem!
Texto Escrito e Editado Por: Carlos
Assista Violet Evergarden por Meios Oficiais: Netflix
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